Gastronomia mineira
Nem só de pão de queijo e café vive a culinária mineira
Conhecida pelo afeto, carinho e cuidado, a culinária mineira é única no território nacional. Quem nunca desejou acordar pela manhã em meios às motanhas de Minas Gerais e apreciar um bom café com pão de queijo?
A região de Ouro Preto, primeiro núcleo de povoamento ainda durante o século XVII guarda segredos da culinária e cozinha mineiras. O distrito de São Bartolomeu produz doces de goiaba que são reconhecidos como partimônio imaterial.
Apreciar as delícias da culinária ouropretana é realizar uma viagem no tempo e nos sabores que marcam esse território.

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O distrito de São Bartolomeu
Localizado a cerca de 18 km de Ouro Preto, o povoado de São Bartolomeu foi fundado nos anos finais do século XVII pelos bandeirantes, em busca do ouro, sendo um dos mais antigos de Minas Gerais.
Entre os vestígios do período áureo, destaca-se a Igreja de São Bartolomeu. O distrito possui festejos bastante tradicionais. Em abril, acontece a Festa Cultural da Goiaba, na qual é celebrada a tradição de se fazer doces artesanais, passada de geração em geração.
Em agosto, é a vez da Festa de São Bartolomeu e do Divino Espírito Santo, também registrada como patrimônio imaterial de Ouro Preto, desde 2014. Nessa celebração são escolhidos o Rei e a Rainha da Festa, que saem em um luxuoso e alegre cortejo pelo distrito.
O povoado se localiza dentro da Reserva Natural do Uamií, e é cortado pelo Rio das Velhas, importante afluente da bacia do Rio São Francisco.
A goiabada cascão é o doce mais tradicional de São Bartolomeu e alguns moradores garantem que a receita nasceu ali mesmo. Narram os mais antigos artesãos do vilarejo que produziam inicialmente a goiabada lisa, que precisa ser peneirada para homogeneizar a massa. Até que, um dia, a peneira de um artesão se rompeu e ele precisou encontrar solução imediata.
A opção de fazer uma nova peneira foi descartada porque isso levaria cerca de dois dias e a produção não podia parar. Ele decidiu, então, fazer a goiabada sem peneirar, deixando que as cascas permanecessem na massa.
O resultado agradou e acabou virando uma tradição local. Essa versão, claro, é contestada por moradores de outras localidades, que reivindicam a autoria para si, mas ninguém contesta o fato de São Bartolomeu ter uma das goiabadas mais famosas de Minas.
Se a história da goiabada cascão não chega a cento e cinquenta anos, a utilização da goiaba para fazer doce vai muito além disso e tem origem na marmelada, trazida da Europa pelos portugueses. Como era difícil plantar marmelo na região e a goiaba nascia espontaneamente na região, uma fruta foi gradualmente substituída pela outra. Até hoje, há doceiros que mantêm suas próprias árvores no quintal de casa.